Ensino a Distância:
2º Questionário a Professores
23 de maio de 2020
O Centro de Economia da Educação da Nova SBE, Universidade Nova de Lisboa está a recolher informação junto de professores do ensino básico e secundário, de escolas públicas e privadas, sobre as soluções de ensino a distância que têm sido adotadas no atual contexto de pandemia de COVID-19.
No final do 2º período teve lugar um primeiro inquérito cujos resultados foram divulgados no ínicio de abril.
No início do 3º período foi realizado um segundo inquérito por forma a aferir como tem evoluído a nova realidade do ensino a distância.
Apresentamos os resultados preliminares com base nas 2647 respostas recebidas desde o dia 5 de maio até ao dia 19 de maio de 2020.
Convidamos todos os professores que ainda não tenham respondido a participar (https://bit.ly/2YA51p9). A distribuição geográfica por tipos e ciclos de ensino das respostas já recebidas pode ser consultada no final da página.
Na análise destes resultados focamo-nos nos seguintes tópicos:
Praticamente todos os professores, cerca de 98%, afirmam estar a enviar trabalhos aos seus alunos.
Uma grande maioria dos professores, cerca de 88%, afirma lecionar aulas através de videoconferência. Os professores que não se encontram a lecionar por este meio são sobretudo os educadores do pré-escolar (cerca de 44% do total de educadores) e do primeiro ciclo (cerca de 14% do total de professores deste ciclo de ensino).
9 em cada 10 professores afirmam tirar dúvidas via internet.
Dois em cada três professores disponibilizam online conteúdos preparados por terceiros.
Cerca de metade dos professores afirmam entrar em contacto com os seus alunos via telefone.
Menos de um quarto dos professores, cerca de 24%, enviam materiais em suporte físico.
A maioria dos professores, 84%, baseiam a sua avaliação na recolha de trabalhos de casa.
Pouco mais de dois terços dos professores usam a assiduidade e participação nas aulas por videoconferência como método de avaliação (68% e 65%, respetivamente).
Apenas um terço dos professores, cerca de 33%, se encontra a recolher avaliação através de testes.
A maioria dos professores reportam estar a lecionar conteúdos novos, cerca de 68%. Este valor sobe para 75% para os professores que lecionam em escolas privadas.
Contudo, cerca de um quarto, 26%, reportam estar apenas a fazer revisões de conteúdos lecionados antes do encerramento das escolas
Cerca de 20% dos professores inquiridos (num total de 510) leciona a alunos do ensino profissional.
Os professores que lecionam a alunos do ensino profissional responderam em 30% dos casos que as atividades de Formação em Contexto de Trabalho (FCT) foram canceladas. Numa percentagem semelhante, professores reportaram que estas formações foram recalendarizadas.
Em cerca de 12% dos casos os professores assinalaram que a FCT continua em formato de teletrabalho ou prática simulada.
Em média, os professores reportam que 15% dos seus alunos não têm acesso a computador com internet em casa. Este valor é mais baixo que o valor reportado na primeira ronda do inquérito.
Para o subgrupo de professores cujas respostas é possível ligar entre os dois inquéritos (num total de 356 observações), o valor médio da percentagem de alunos sem computador com acesso a internet baixou de 22% para 13%. Tal descida pode justificar-se tanto pelos mecanismos que entretanto foram postos em prática por forma a garantir um maior acesso a meios informáticos por parte dos alunos, como pelas aquisições de material informático feitas pelas famílias.
Continuamos a notar uma grande variabilidade nas respostas a esta questão, com uma percentagem significativa de professores a reportar um número elevado de alunos sem computador com acesso a internet.
Em média, os professores afirmam estar a trabalhar mais 11 horas por semana.
Dois terços dos professores reportam que nunca tiveram qualquer formação no âmbito do Ensino a Distância.
Dos 34% que receberam formação, cerca de metade, 17%, obtiveram-na no âmbito da sua formação contínua.
Os resultados denotam que a esmagadora maioria dos professores tem desenvolvido atividades de ensino a distância, quer através de aulas por videoconferência, quer através do envio de trabalhos.
Os professores avaliam muito positivamente a qualidade dos conteúdos disponibilizados na telescola, contudo a disparidade nas respostas referentes ao nível de adesão dos alunos, poderá indicar que este não é o mesmo para todos os tipos de alunos.
Os professores continuam a reportar uma relevante percentagem de alunos sem acesso a meios informáticos, cerca de 15%, em média. Tal levanta a necessidade de se aferir quais os alunos que tiveram um acesso incompleto aos conteúdos curriculares durante este período, e que devem ser sinalizados no início do próximo ano letivo.
Uma percentagem elevada de professores, cerca de um quarto, afirmam que se tem focado em conteúdos de revisão mais do que em novos conteúdos. Tal deve ser tido em conta no início do próximo ano letivo, uma vez que pode induzir diferentes níveis de exposição a conteúdos curriculares entre alunos.
No ensino profissional uma significativa percentagem da Formação em Contexto de Trabalho (FCT) foi cancelada ou encontra-se a decorrer em contexto de prática simulada. Tal pode gerar uma maior dificuldade na transição dos alunos para o mercado de trabalho, devendo assim considerar-se se estes alunos devem continuar a ser seguidos para lá do fim do ensino secundário.
O facto de mais de dois terços dos professores não terem formação em ensino a distância deve ser tido em conta caso seja necessário manter este meio, mesmo que de forma parcial, no próximo ano letivo.
A grande maioria das respostas, 87%, foi recolhida junto de professores que lecionam em escola públicas.
Cerca de 40% dos professores de escolas públicas que responderam dão aulas a alunos do 3º ciclo do ensino secundário. Por outro lado, mais de metade dos inquiridos que têm contratos com escolas privadas lecionam no ensino secundário.
As respostas encontram-se distribuídas um pouco por todo o território continental e ilhas com maior incidência nas zonas urbanas, nomeadamente, em Lisboa, Setúbal, Porto e Braga, refletindo a maior densidade populacional destas zonas.
Os resultados finais deste inquérito serão reportados brevemente.
Qualquer questão poderá ser colocada através do e-mail: economicsofeducation@novasbe.pt.
Equipa de Investigação: Ana Balcão Reis, Gonçalo Lima, Luís Catela Nunes, Pedro Freitas e Tiago Alves.