Ensino a Distância:
Questionário a Professores
8 de abril de 2020
O Centro de Economia da Educação da Universidade Nova de Lisboa está a realizar um inquérito junto de professores do ensino básico e secundário, de escolas públicas e privadas, sobre as soluções de ensino a distância que têm sido adotadas no atual contexto de pandemia de COVID-19.
Apresentamos aqui resultados preliminares sobre o acesso dos alunos a computador com ligação à Internet e as estratégias de ensino a distância que têm sido adotadas, com base nas 1586 respostas recebidas desde o dia 25 de março até ao dia 8 de abril de 2020.
Convidamos todos os professores que ainda não tenham respondido a participar (https://bit.ly/2J9WKir). A distribuição geográfica, por tipos e ciclos de ensino das respostas já recebidas pode ser consultada no final da página.
Existe uma grande variabilidade nas respostas dos professores à questão: "Qual pensa ser a percentagem dos seus alunos que NÃO têm um computador com acesso à Internet em casa?".
Muitos professores reportam que mais de metade dos seus alunos não têm um computador com acesso à Internet. Ainda assim, a maioria dos inquiridos reporta percentagens abaixo de 50%.
De acordo com o inquérito, em média, 23% dos alunos não têm acesso a computador com Internet em casa.
Este valor é superior ao reportado pelo INE em Novembro último (5.5% das famílias com crianças até aos 15 anos). Esta diferença pode justificar-se uma vez que os dados do INE apenas indicam se existe algum computador com internet no agregado familiar de cada aluno (por exemplo, podem existir situações em que os filhos não podem aceder ao computador por os pais o estarem a utilizar para teletrabalho).
Em média, os professores que dão aulas em escolas privadas reportam uma menor percentagem de alunos sem computador com acesso à Internet.
Existe uma maior variabilidade nas respostas dos inquiridos em escolas públicas e em ciclos de ensino iniciais.
No 1º e 2º ciclos, o diferencial entre escolas públicas e privadas é maior.
Por exemplo, no 1º ciclo do ensino público a média da percentagem de alunos sem computador com acesso à Internet é de 31%, enquanto que em escolas privadas este valor cai para 10%.
A estratégia mais adotada pelos professores inquiridos é o envio de materiais complementares ao estudo, 85%, como fichas individuais de trabalho e trabalhos de grupo.
Quase 3/4 dos inquiridos afirma esclarecer as dúvidas dos seus alunos à distância.
Apenas 30% dos professores inquiridos dá aulas por videoconferência, e 12% disponibilizam vídeos gravados pelos próprios.
Apenas uma pequena fração dos professores inquiridos, 2%, reportam não ter desenvolvido ainda quaisquer estratégias de ensino a distância.
A grande maioria dos inquiridos, cerca de 71%, refere recorrer à avaliação de trabalhos de casa enviados aos alunos.
Apenas 1 em cada 4 professores afirma ter recorrido ou planeia recorrer a testes como meio de avaliação da matéria lecionada por ensino a distância.
Ambos os meios de avaliação têm sido utilizados em detrimento de outros, tais como a avaliação da assiduidade ou a participação em aulas através de videoconferência.
Cerca de 19% dos professores afirma não estar a recolher quaisquer elementos de avaliação.
Tanto em escolas públicas como privadas, os professores recorrem predominantemente aos trabalhos de casa como instrumento de avaliação.
Nas escolas privadas, 33% dos professores recolhem informação acerca da participação em aulas online, e 39% regista a assiduidade dos alunos nestas mesmas aulas. Estes valores caem nas escolas públicas para 9% e 14%, respetivamente.
Cerca de 77% dos professores inquiridos não estão a utilizar os recursos para ensino a distância disponibilizados pela Direção Geral de Educação (DGE).
Numa escala crescente de 1 a 7, os professores inquiridos tendem a avaliar favoravelmente a sua adaptação ao ensino a distância, bem como a dos seus alunos e respetivos encarregados de educação.
Em média, os professores classificaram a sua própria capacidade de adesão e adaptação em 5,32.
Em média, os professores classificaram a adesão e adaptação dos seus alunos em 4,54.
Em média, os professores classificaram a adesão e adaptação dos encarregados de educação em 4,13.
A grande maioria das respostas, 79%, foi recolhida junto de professores do ensino público.
Cerca de 4 em cada 10 dos professores de escolas públicas que responderam dão aulas a alunos do 3º ciclo do ensino básico.
Por outro lado, mais de metade dos inquiridos que têm contratos com escolas privadas lecionam no ensino secundário.
As respostas encontram-se distribuídas um pouco por todo o território continental e ilhas com maior incidência nas zonas litorais, nomeadamente, em Lisboa, Setúbal, Porto e Algarve, o que reflete também a maior densidade populacional dessas zonas geográficas.
Os resultados deste inquérito continuarão a ser reportados.
Todos os educadores e professores do ensino básico que queiram participar neste estudo podem fazê-lo através do link: https://bit.ly/2J9WKir.
Qualquer questão poderá ser colocada através do e-mail: economicsofeducation@novasbe.pt.
Equipa de Investigação: Ana Balcão Reis, Gonçalo Lima, Luís Catela Nunes, Pedro Freitas e Tiago Alves.